Petr Šelepa
Senhor Embaixador da República Checa em Lisboa
O 17 de novembro inscreveu-se na história checa várias vezes. Em 1939, durante a ocupação nazi, sucedeu o funeral do estudante Jan Opletal, que morreu devido a ferimentos sofridos por parte das forças de ocupação alemãs durante as comemorações do Dia Nacional da Checoslováquia a 28 de outubro, tornou-se o pretexto para o encerramento brutal das universidades checas e para a execução de nove líderes estudantis. Desde então, o dia 17 de novembro também foi comemorado como o Dia Internacional dos Estudantes.
Sessenta anos mais tarde tornou-se um símbolo da revolta dos estudantes contra o regime comunista que estava a definhar na Checoslováquia. A intervenção da polícia armada contra uma concentração pacífica de estudantes em apoio à liberdade de concentração e de expressão provocou protestos maciços por parte dos cidadãos, até então parcialmente indiferentes e, em poucos dias, levou ao colapso do sistema comunista e à implementação das estruturas democráticas, bem como à eleição do novo presidente Václav Havel, já em 29. 12. 1989, e, em seguida, às primeiras eleições livres em junho de 1990.
Em 1989, também os estudantes do Porto e associações de jovens profissionais desempenharam um papel insubstituível no apoio à democratização. No espaço de alguns dias apenas, organizaram uma viagem a Praga, levando aos estudantes checos 50.000 rosas vermelhas como símbolo da sua solidariedade. O presidente português Mário Soares foi amigo pessoal do presidente checoslovaco - e mais tarde checo - Václav Havel, sendo Mário Soares o único estadista europeu que participou na inauguração de Václav Havel. Após a sua eleição como presidente, Václav Havel manteve uma relação muito amigável com Portugal até à sua morte.
A Embaixada da República Checa em Portugal e o Consulado Honorário da República Checa no Porto querem recordar esses momentos ao longo do ano através de um ciclo de conferências focadas nos impactos culturais, sociais e económicos das mudanças daquele tempo.